Tempo de leitura: 7 minutos
Índice
Transfusão Sanguínea E Os Cuidados De Enfermagem
Transfusão é o ato médico de transferir hemocomponentes, ou seja, componentes do sangue (plasma sanguíneo, plaquetas, hemácias e leucócitos) de um doador para o sistema circulatório de outra pessoa.
Bancos de sangue tomam cuidados extremos com a seleção e manipulação de sangue, exigindo uma série de exames dos doadores, bem como testando a qualidade do material doado, para evitar a transmissão de doenças infecciosas, como HIV, Hepatite, dentre outras.
Mas como é o processo de transfusão sanguínea?
Como ele deve ser feito, em termos de cuidados e quais as etapas que o profissional de enfermagem deve prestar atenção?
É o que vamos ver, confira!
Indicações de transfusão sanguínea
Existem várias situações que pedem que haja o procedimento de transfusão sanguínea.
Dentre as mais comuns são grandes perdas de volume de sangue, devido a acidentes ou complicações cirúrgicas, mas existem outras razões também.
- Eritroblastose fetal;
- Tratamentos oncológicos;
- Necessidade de reposição de células ou de elementos necessários, como no caso de anemia;
Tipos de transfusão sanguínea
Existem vários tipos de transfusão sanguínea, dependendo da necessidade ou situação.
1 – Agendada
Agenda-se o dia e o local. Geralmente, o paciente pode vir em horário e local específico.
2 – Rotina
Comum para pacientes hospitalizados, dentro de ambiente hospitalar.
3 – Urgência
Realizada até 3h após o pedido feito.
4 – Emergência
Quando o atraso na transfusão pode significar a diferença entre a vida e a morte do paciente.
5 – Aférese
Quando o sangue passa por um processo e somente um componente do sangue é retirado.
É o caso das plaquetas, que são retiradas do sangue e o paciente pode receber a transfusão somente de plaquetas.
6 – Hemaférese
Ocorre quando do sangue do paciente são retiradas substâncias nocivas e o sangue retorna ao mesmo paciente.
7 – Transfusão autóloga
Um dos melhores tipos de transfusão, pois o próprio paciente doa sangue para ele mesmo, a ser recebido em um momento posterior, como uma cirurgia, minimizando os riscos de intercorrências.
Cuidados Da Enfermagem Em Relação A Transfusão
A enfermagem tem participação ativa no processo de transfusão sanguínea. Portanto, é fundamental saber quais cuidados devem ser tomados para que a transfusão sanguínea ocorre tranquilamente, sem consequências negativas ou reações adversas.
Os cuidados da enfermagem podem ser divididos em 3 grandes grupos: antes da transfusão, durante a transfusão e após a transfusão.
1 – Cuidados da enfermagem antes da transfusão
Um dos primeiros cuidados deve ser sempre garantir a assinatura do termo de consentimento pelo paciente ou familiar responsável.
Afinal, esse é o termo legal para que o receptor aceite o sangue ou componentes sanguíneos.
A seguir, o profissional de enfermagem deve sempre verificar a permeabilidade da função, do calibre do cateter, presença de infiltração e sinais de infecção.
Outra conduta importante é confirmar obrigatoriamente a identificação do receptor, do rótulo da bolsa, dos dados da etiqueta de liberação, a validade do produto.
Além disso, fazer a inspeção visual da bolsa (cor e integridade) e a temperatura por meio de dupla checagem (Enfermeiro e Técnico de Enfermagem) para segurança do receptor.
Esses são procedimentos fundamentais e que devem sempre ser feitos.
Finalmente, lembre-se sempre de aferir e anotar os sinais vitais do paciente.
2 – Cuidados durante a transfusão
Esse é o momento em que a atenção deve ser total, uma vez que durante a transfusão alguns procedimentos devem ser realizados para que a transfusão ocorra tranquilamente.
Reações adversas podem ocorrer, portanto, é fundamental seguir os passos atentamente e sempre observar o paciente.
Confirmar, novamente, a identificação do receptor, confrontando com a identificação na pulseira e o rótulo do insumo a ser infundido.
- Verificar duas vezes o rótulo da bolsa de sangue ou derivado sanguíneo, para ter certeza que o grupo e o tipo de fator Rh estão de acordo com o registro de compatibilidade;
- Examinar o número e tipo de hemoderivado e conferir se o mesmo corresponde ao prontuário do paciente, lembrando-se sempre de chamar o paciente em voz alta, pelo nome completo;
- Verificar se não há bolhas de ar na bolsa ou qualquer aspecto de alteração na cor ou na temperatura. Lembre-se que alteração de cor pode ser sinal de hemólise e bolhas de ar podem indicar crescimento bacteriano dentro da bolsa de sangue;
- A transfusão deve iniciar 30 minutos após a remoção da bolsa do refrigerador do banco de sangue. Portanto, é importante que seja verificado o exato momento no tempo em que essa remoção ocorreu;
- Sempre monitorar a transfusão durante todo o processo e lembrar que o tempo máximo do processo não pode ultrapassar um total de 4 horas;
- Permanecer ao lado do leito do paciente durante os 10 primeiros minutos de transfusão;
- Ter calma para infundir lentamente a quantidade, lembrando-se de infundir o máximo de 5 mL/min nos primeiros quinze minutos da transfusão;
- Observar o paciente, em relação a reações adversas durante a transfusão, sempre monitorando os sinais vitais em intervalos regulares e comparando-os com medidas anteriores;
- Trocar o equipo a cada duas unidades transfundidas, para minimizar riscos de contaminação bacteriana.
Reações adversas durante a transfusão sanguínea
Caso o paciente apresente-se inquieto, com dor, urticária, febre, calafrios, vômitos, falta de ar, a transfusão deve ser imediatamente encerrada e o fato deve ser comunicado ao médico.
Nesse caso, a bolsa deve ser encaminhada com o laudo da intercorrência ao banco de sangue para a análise.
3 – Cuidados da enfermagem após a transfusão
Após o término da transfusão, algumas medidas são importantes para garantir que o paciente encontra-se bem.
- Afira os sinais vitais e compare-os com as medidas anteriores;
- Descarte de maneira adequada todo o material descartável utilizado, para assegurar que não haja contaminação cruzada em relação a outros funcionários, como da limpeza, por exemplo.
- A desinfecção e gerenciamento de resíduos deve ser feita sempre seguindo as normas de boas práticas da instituição de saúde e sempre documentados;
- Sempre registrar as atividades desenvolvidas pelo setor de hemoterapia, de forma a garantir possível rastreabilidade, se necessário. Desta forma, identifique, do começo ao final do processo o profissional que fez o procedimento até o destino final, lembrando-se sempre de constar data, horário de início e término, origem e identificação das bolsas, descrição de reações adversas (quando houver), bem como a atitude tomada.
- O paciente deve ser monitorado por algumas horas após o procedimento de transfusão, para garantir que o procedimento não trouxe intercorrências e seu resultado foi positivo.
Conclusão
A enfermagem participa ativamente do procedimento de transfusão, quando esse ocorre seja em clínicas ou em ambiente hospitalar.
A checagem das bolsas deve ser feita com critério, sempre em dupla (tanto pelo técnico de enfermagem quanto pelo enfermeiro), para que não haja erros nesse sentido.
É de extrema importância que o profissional de enfermagem esteja atento a todos os passos que deve tomar, observar se não há reações adversas, bem como anotar todas as informações importantes antes, durante e após o procedimento, garantindo sua eficácia.
E se você está em busca de mais informação e conhecimento inscreva-se em nosso canal do Youtube onde estamos semanalmente publicando conteúdos de qualidade para auxiliar na formação e desenvolvimento da sua carreira.